quarta-feira, 6 de maio de 2009

DEVEMOS ORAR MUITO? SIM OU NAO?

Batalha hermenêutica: Mt 6:7 Vs Lc 18:1-8.



Pergunta: Afinal, o crente deve orar muito ou pouco?



Mt 6:7: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.



Lc 18:1-8: E, contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer (v.1). E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite? (v.7).





Uma complicação hermenêutica



Duas passagens. Dois contextos.



Poderíamos ainda incluir: Colossenses 4.2 ou II Tessalonicenses 5.17. Mas então penderíamos demais para a parábola do evangelho de Lucas. Não é esse o nosso objetivo. Não quero pender para um lado da balança mais do que para outro.



A questão é: entenderemos as duas sentenças de Jesus e conseguiremos chegar a uma conclusão única e indivisível em si mesma?



Fico imaginando como o cristão moderno, aparentemente leigo, reage a essas antíteses da Palavra de Deus. Se observarmos os dois textos, tanto um quanto outro podem nos levar a tirar conclusões precipitadas. Poderíamos avaliar Mateus 6.7 de uma forma absoluta e concluir que não devemos orar quase nada para que nossas petições sejam ouvidas e atendidas. Por outro lado, também poderíamos considerar que a passagem escrita em Lucas 18.1 nos incita a sempre clamar abusivamente por algo até que o consigamos. Mas qual a sentença é verdadeira?



Poderia cada instrução ser aplicada à situações diferentes?



Esse é o principal ponto que devemos abordar dentro desses dois textos bíblicos, que, logo, são porções das Sagradas Escrituras e que foram devidamente inspiradas por Deus (II Timóteo 3.16).



Estaria então Jesus querendo confundir seus ouvintes? Ou quereria Ele deixar um ar de dúvida, ou uma questão dupla para que cada um interprete da maneira que bem entender?



Se de fato fosse assim, a Bíblia seria um amotinado de palavras de interpretações pessoais, e não é isso que a Palavra de Deus é, nem o poderia ser. Pois então deixaria de ser Palavra de Deus para ser então: interpretação, sob o julgamento racional e moralmente caído, do homem.



É óbvio que a Bíblia (Jesus Cristo, o verbo encarnado posteriormente para nossa plena salvação) não é isso. Deus não se limita aos nossos preceitos, conceitos, etc. Deus exprime a Sua vontade, quer nos queiramos a obedecer ou não. Depende do que esperamos de nossas vidas. Será que consideramos a vontade de Deus maior e melhor que a nossa? A resposta fará grande diferença em nossas vidas, certamente que fará.



Para cada situação uma sentença diferente



Jesus estava nos ensinando que nem todas as situações em nossas vidas podem ser resolvidas da mesma forma, da mesma maneira. Ou seja, em alguns casos orar até cansar é uma fonte de segurança, mas em outros casos orar demais revela insensibilidade àquilo que Deus almeja para nós.



Como poderíamos interpretar isso então?



Simples: para uma pessoa que quer conseguir tudo de Deus independente se Deus julga bom ou não, Jesus diz: “Não sejais como... que acham que pelo muito orar é que serão atendidos”.



Ou ainda: Aqueles que acreditam que podem conseguir qualquer coisa de Deus, inclusive Sua plena vontade, apenas orando uma frase por dia, Jesus adverte: “Orai sempre”.



Podemos então chegar diante de algumas conclusões:



1. Deus não atende os nossos pedidos somente pelo fato de muito pedirmos



Não adianta pedir muito e achar que seremos atendidos pelo muito falar e pedir a Deus. Deus não releva esse comportamento quando ele é vão e sem finalidade na Palavra de Deus.



2. “Vãs repetições” significa: estar fora da vontade de Deus



Quando o Senhor Jesus diz: “vãs repetições”, Ele está dizendo que estamos gastando nosso tempo com pedidos que não estão de acordo com a vontade de Deus, e, se não estão de acordo, estamos mesmo desperdiçando tempo quando continuamos pedindo essas coisas para o Senhor.



3. Viver acreditando que Deus sabe de tudo e que por isso não precisamos orar é pretensão de nossa parte



Por outro lado, Deus não quer que vivamos esperando, esperando, esperando... Deus quer que nós estejamos dispostos a orar pela Sua vontade em nossas vidas. Precisamos ter isso em mente, que a vontade de Deus deve ser conquistada com luta espiritual. Não significa ser recompensado por obras, mas sim, posição espiritual diante de Deus.



Conclusão:



Desse conflito hermenêutico podemos concluir que nem tudo deve ser levado ao pé da letra sem que haja uma visão mais ampla sobre o texto que pretendemos elucidar.



O crente não deve orar quando isso for sinônimo de vã repetição, ou seja, se for uma oração que não visa em obter a vontade de Deus.



Porém, se o crente deseja viver de acordo com aquilo que Deus quer, impreterivelmente, deve orar e, mais que isso, orar incansavelmente (II Tessalonicenses 5.17).



Reflitamos sempre. Não é obrigação, mas deve ser o nosso maior deleite nesta terra. (Provérbios 5.1).



Nelson Figueira

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